quarta-feira, 14 de outubro de 2015

AS PALAVRAS, SUAS MELODIAS E SEUS TONS


No que as palavras não dizem encontramos respostas,
No que elas não cantam extraímos o som perfeito.
No que elas se calam repousa o conforto
No que elas gritam sobram desencontros.

Amo as palavras, amo o que não se diz através delas.
O tom da sua afinação e a melodia dos seus sentidos.
Amo o compasso dos seus sons, com seus pulsos e repousos.

Amo as palavras escritas com estrofes que rimam e com poesias cantadas
Seus sons harmoniosos fazem bem à alma.
Mas as palavras que saem sem direção, desconstroem a harmonia.
Deixam sem ritmo a composição.
O descompasso de sua harmonia, entristece o coração.

As palavras que cantam estrofes sem rimas, desencadeiam os acordes.
Propiciam desencontros de sons
Tornam dissonantes as suas notas.

A harmonia se articula com a organização interna, com sabedoria em recitá-las.
O sarau dos seus sentidos faz dançar a multiplicidade dos seus tons.

O que ninguém percebe é o que todo mundo sabe...
Que o silêncio ganha em seus efeitos
Quando a palavra perde em seu significado.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

DUALIDADES POSSÍVEIS



O universo criado no caos
Na explosão gerou-se a vida
Das trevas nasceu a luz
Do nada o tudo se fez
Da noite se fez o dia
Dualidades possíveis

A criação feita do que não tinha vida.
E a vida que começou com a morte
Um casulo em metamorfose
A majestosa borboleta que larva foi outrora
Esperanças duais

Sonhos que se realizam
Realidades não sonhadas
Uma vida inteira de expectativas
Expectativas que não viemos a ter
Dualidades vividas

Um tornado em alto mar, nada causa além de agitar as águas
Em terra destrói tudo ao redor
Casualidades remotas e acasos constantes
Dualidades possíveis, possibilidades duais

O ser, que não é
O que é, e nunca quis ser
O sol sempre a nascer, ainda que ninguém o perceba,
E a lua tímida centena de vezes menor que o sol não tem tem como não ser percebida
Dualidades...

De tudo que temos nada se levará
Do nada que somos, cabe o mundo inteiro dentro de nós
Do pó da terra que fomos criado
Do pó da terra que nos tornaremos
Dualidades do Criador

Dualidades de quem ousou ser mais de um
Dualidades de quem amou o mundo, sem ao mundo pertencer
Dualidades que nos fez

Dualidades que somos nós...

terça-feira, 25 de agosto de 2015

SOU EU QUEM ENCENA O MEU TEATRO



No teatro de marionetes, eu sou mais um boneco.
Não o que brilha quando as cortinas se abrem
Nem o que é aplaudido quando as luzes se acendem.

Talvez o coadjuvante com uma fala qualquer.
Ou aquele esquecido num canto, que só uma vez ou outra entra em cena.
O ator frustrado de pequenos papéis, o figurante mudo de algo sem audiência.

Mas no espetáculo da vida, sou eu quem dirijo as minhas próprias cenas
Atuo com segurança as linhas escritas por mim
Represento meu próprio papel, sou protagonista da minha própria história.

Meu monólogo não tem espectadores, sou eu quem me assisto através do espelho.
Sou o artista que se aplaude.
Não preciso de espectadores, sozinha sou minha própria platéia.

Sei quem sou e qual o meu papel
Sou a atriz principal no show da minha vida.
Não há dublês nas ações perigosas;
Minhas comédias só aos outros fazem rir; 
Meus dramas são encenados no meu íntimo; 
E as ficções não se enquadram na minha realidade.

Não há heróis nos meus quadrinhos
Não há cavaleiros nas minhas épicas batalhas
Minhas guerras, luto-as internamente
E os romances vividos... Acabam quase sempre em tragédias.

A minha auto biografia, sem continuações, vem sendo escrita por um autor renomado
Que apostou em um iniciante.
Escrita por Deus, que escalou um iniciante nos caminhos da vida,
Sempre aprendendo com um novo personagem, com outros atores e com novas histórias.

No filme da vida, o "gravando" conta desde que vim ao mundo , e o cortar da cena final, marcará o fim da história do que fui e deixei ser, do que aprendi e ensinei, do que rasurei e do que deixei escrito para ser lido.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

O RIO E SEU IMENSO VAZIO



O rio ainda que transbordante nada possui, pois tudo que ele recebe, se vai tão rapidamente...
O rio com seu imenso vazio sabe para onde ir, e não se apressa, sabe que ora ou outra vai chegar.
Ele conhece a calmaria, e tem intimidade com a tempestade, tudo suporta, tudo sofre, tudo espera. Pois sabe que seu curso já foi escrito e seu caminho é um só, seguir seu destino.

A imensa solidão não impede o rio de correr, de oferecer suas águas àqueles que o maltrata. De ser o frescor a quem em seu leito se achega.
Ele a todos recebe, bons ou maus tem lugar em suas águas e em seu imenso vazio.

Das margens não é possível conhecer o rio, nem ele a si mesmo conhece, pois não se encontra duas vezes com as mesmas águas. Elas vem e vão, deixando-o só, com suas muitas lembranças.

Quando suas águas encontram dificuldades para passar, ele aponta um novo caminho.
Ensina as águas a atravessar as pedras, a mudar a direção.
O amor, assim como o rio faz com suas águas, aponta um novo caminho toda vez que encontra obstáculos.

Bertolt Brecht sabiamente citou "Todo mundo chama de violento a um rio turbulento, mas ninguém se lembra de chamar de violentas as margens que o aprisionam"
A margem não se importa com o rio, ela o oprime, não o deixa correr, ela se estende por todo o rio, mas não deixa o rio sobre ela se estender.
Mas o rio não se importa, se sente feliz em seu imenso vazio, se sente em paz no seu imenso silêncio, sabe lhe dar com o barulho dentro dele, e se sente útil por refletir a luz das estrelas e fazer a noite mais clara.

Jamais o rio se encontrará com as mesmas águas, essas já passaram.
Outras haverão, essas não mais. Ele espera ansioso por novas águas.
Mas as muitas águas não conseguem apagar o imenso vazio que o rio traz.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

AS LETRAS QUE SURGEM ENCHEM PÁGINAS INTEIRAS



Aos poucos a vida vai entrando nos eixos
Vai tomando forma, criando novos conteúdos, formando novas histórias
E as letras que surgem vão enchendo páginas inteiras.

É uma nova vida sendo escrita. 
Onde as aquarelas do tempo possuem mais cores, mais brilho, mais luz.
São capítulos sendo narrados em uma outra linguagem;
A linguagem do amor, da paz, do recomeço.

São laudas inteiras deixadas para trás, como um navio que vai ao longe.
São folhas que não quero remexer.
São narrativas passadas, rabiscadas num outro tempo;
O tempo que passou...

É o tempo presente escrevendo um novo dia, 
Desfazendo teorias, criando poesias e cantando palavras.

São letras que se formam, frases que vão fazendo sentindo;
Versos interpretando um novo caminho;
Parafraseando o horizonte que vejo a minha frente.

E o que era, vai deixando de ser e se transformando no que há de vir.
Leitura saboreada com a paciência de quem quer viver, quer ser...

terça-feira, 3 de março de 2015

SENTIDO E DIREÇÃO



Somente quando eu parei de esperar, é que eu conseguí.
Somente quando eu parei de procurar, foi que eu encontrei
Somente quando eu parei de correr, é que eu então alcancei.

Quando decidí ser quem sou, independente do reconhecimento das pessoas, parei de me decepcionar.
Hoje não faço nada esperando algo em troca, muito menos gratidão. Ela nunca vem de quem se espera mesmo.

Se assim não fosse, não poderia esperar o que só Deus me daria, a graça. Por que essa também eu não merecia, e mesmo assim Ele me deu gratuitamente.

Nada nem ninguém, poderia ser por mim aquilo que eu devia ter sido.
Rastros e pegadas não fizeram o meu caminho, olhar para a frente foi o que o fez.
Sentido e direção...
Errando é certo, desviando-me talvez, mas com o coração no foco e o olho na meta, só assim consegui acertar.

Assim persisto, na direção do caminho, na espera da chegada e no aconchego do encontro.

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