segunda-feira, 17 de agosto de 2015

O RIO E SEU IMENSO VAZIO



O rio ainda que transbordante nada possui, pois tudo que ele recebe, se vai tão rapidamente...
O rio com seu imenso vazio sabe para onde ir, e não se apressa, sabe que ora ou outra vai chegar.
Ele conhece a calmaria, e tem intimidade com a tempestade, tudo suporta, tudo sofre, tudo espera. Pois sabe que seu curso já foi escrito e seu caminho é um só, seguir seu destino.

A imensa solidão não impede o rio de correr, de oferecer suas águas àqueles que o maltrata. De ser o frescor a quem em seu leito se achega.
Ele a todos recebe, bons ou maus tem lugar em suas águas e em seu imenso vazio.

Das margens não é possível conhecer o rio, nem ele a si mesmo conhece, pois não se encontra duas vezes com as mesmas águas. Elas vem e vão, deixando-o só, com suas muitas lembranças.

Quando suas águas encontram dificuldades para passar, ele aponta um novo caminho.
Ensina as águas a atravessar as pedras, a mudar a direção.
O amor, assim como o rio faz com suas águas, aponta um novo caminho toda vez que encontra obstáculos.

Bertolt Brecht sabiamente citou "Todo mundo chama de violento a um rio turbulento, mas ninguém se lembra de chamar de violentas as margens que o aprisionam"
A margem não se importa com o rio, ela o oprime, não o deixa correr, ela se estende por todo o rio, mas não deixa o rio sobre ela se estender.
Mas o rio não se importa, se sente feliz em seu imenso vazio, se sente em paz no seu imenso silêncio, sabe lhe dar com o barulho dentro dele, e se sente útil por refletir a luz das estrelas e fazer a noite mais clara.

Jamais o rio se encontrará com as mesmas águas, essas já passaram.
Outras haverão, essas não mais. Ele espera ansioso por novas águas.
Mas as muitas águas não conseguem apagar o imenso vazio que o rio traz.

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