quarta-feira, 29 de abril de 2020

A FELICIDADE ENCONTROU SAÍDA, MAS QUIS FICAR


A felicidade veio, chegou sem motivos.
Eu a princípio não a reconheci, não nos encontrávamos com frequência.
Ela entrou, eu não sabia como recepciona-la, estranhamente me senti desconfortável, poucas vezes estivemos frente a frente.

De mansinho ela foi se aconchegando, abrindo espaços, se tornando presente.
Eu cuidei dela, tratei-a com zelo. Deixava sempre a janela aberta para que o vento soprasse sempre a seu favor.
Não corri atrás dela, deixei-a livre. A porta também deixei aberta, não quis prendê-la, a felicidade sentindo-se livre decidiu ficar.

A felicidade me ensinou a encontrá-la nos pequenos detalhes, na vida cotidiana, na alegria do outro, nos sorrisos que eu semeava.
No final do dia sentávamos na varanda e falávamos sobre amenidades.
Ao lado dela descobri que há um espaço entre a alegria e a tristeza, e é nesse espaço que ela mora, só que nós só nos preocupamos com as extremidades.

Ela me ensinou tanto...
_ Que se eu segura-la em minhas mãos, ela escorrerá entre os meus dedos.
_ Se eu fechar a porta, ela baterá em outro lugar.
_ Que é preciso correr riscos, se der certo: felicidade, se não der: sabedoria.
_ Se os meus ventos não soprarem com leveza, eles varrerão a felicidade para longe.

Desde o dia em que ela entrou pela porta, a felicidade me virou pelo avesso. Aos poucos me mostrou que ela vem de dentro, mas quando insisto em não vê-la, ela bate a porta e finge vir de fora.
Hoje entendo que a felicidade não é permanente, ela não faz morada.
Mas quando você a sente e percebe a simplicidade contida nela, descobre que ela está onde você quiser.

Deixei a porta aberta, a felicidade encontrou saída, mas quis ficar.

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