sábado, 28 de outubro de 2023

NO OUTRO MORA O MEU REFLEXO




Que mundo é esse onde não posso habitar onde o outro habita. 

Que mundo é esse que tanto nos separa (fronteiras/cor/gênero/política/idéias) e que tão pouco nos une.

Que mundo é esse...

 

Quando não consigo enxergar o outro como humano, revelo em mim a desumanidade.

Que dor é essa que me faz supor que fazendo doer no outro encontro descanso para as minhas feridas.

Como posso supor que o outro me enxergue humano ao revelar à ele a minha desumanidade.


O que deu errado no caminho?

Onde foi deixado o coração?

Para onde caminharemos?

Que amor é esse, que só o entrego a quem me é “igual”?

O diferente não partilha da minha melhor parte.

Onde foi que me tornei apenas eu, quando sozinho nada sou?

 

Só consigo ser eu quando sou o outro, pois o essencial é sermos nós.

Quando não enxergo o outro, fecho os olhos para a beleza do mundo.

O diferente é a mim semelhante em tantos pontos.

 

A empatia nos aproxima , o amor nos torna gente, e a partilha me torna semelhante.

Que os olhos não cansem de ver o que o coração desistiu de enxergar.


Difícil não é dar o que você tem, difícil é dar o que você é.

Eu só me enxergo no outro, pois nele mora o meu reflexo.

Sozinho nada sou, minha essência é multiplicar.

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