Que mundo é esse onde não posso habitar onde o outro habita.
Que mundo é esse que tanto nos separa (fronteiras/cor/gênero/política/idéias) e que tão pouco nos une.
Que mundo é esse...
Quando não consigo enxergar o outro como humano, revelo em mim a desumanidade.
Que dor é essa que me faz supor que fazendo doer no outro encontro descanso para as minhas feridas.
Como posso supor que o outro me enxergue humano ao revelar à ele a minha desumanidade.
O que deu errado no caminho?
Onde foi deixado o coração?
Para onde caminharemos?
Que amor é esse, que só o entrego a quem me é “igual”?
O diferente não partilha da minha melhor parte.
Onde foi que me tornei apenas eu, quando sozinho nada sou?
Só consigo ser eu quando sou o outro, pois o essencial é sermos nós.
Quando não enxergo o outro, fecho os olhos para a beleza do mundo.
O diferente é a mim semelhante em tantos pontos.
A empatia nos aproxima , o amor nos torna gente, e a partilha me torna semelhante.
Que os olhos não cansem de ver o que o coração desistiu de enxergar.
Difícil não é dar o que você tem, difícil é dar o que você é.
Eu só me enxergo no outro, pois nele mora o meu reflexo.
Sozinho nada sou, minha essência é multiplicar.