quarta-feira, 12 de setembro de 2018

ATRIBUÍ SENTIDO AS AUSÊNCIAS




O que antes era, deixou de ser
A sua partida estilhaçou o meu mundo.
A ponte entre o seu infinito e o meu desmoronou.
As entrelinhas que nos uniam se romperam.

Quando eu nada mais podia fazer, eu esperei.
O tempo era de esperas, pois nenhuma pressa diminuiria nossas distâncias ou uniria nossos mundos.
O meu amor sobrevivia de esperas.

Chorei a impossibilidade dos afetos e o afago dos abraços.
Eu juntava os cacos e não podia atravessar a ponte.
Na margem do rio, eu sentei, chorei e esperei.

Meu universo se expandia nas miudezas.
Eu me refazia na simplicidade das ausências.
Me reconstruía no mundo que havia dentro de mim.

Aprendi que as esperas ensina mais que os reencontros, e fui deixando o inesperado acontecer.
Aprendi a plantar flores e descobri que eu era ensinada bem mais quando eu as colhia, pois enquanto eu as arrancava dos galhos, elas perfumavam as minhas mãos.

Ajustei meu caminho, me encontrei na estrada do destino.
Eu voltei, por muito tempo não estive aqui: dentro.
Estava com você em algum lugar que nem sei onde.

Meu desassossego cessou, retornei a minha inteiresa.
Eu era espaço da tua inabilitação, hoje sou espaço reconfigurado.
Seu "não retorno" me recompôs.
E foi a vida que descobri nos detalhes, escondidos na sua ausência, que meu todo foi preenchido.



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