O passado tem pés silenciosos.
Anda descalço sobre o tempo e, quando menos se espera, está de volta.
Ele bate na porta sem aviso, veste o perfume de antigas lembranças e se senta ao nosso lado como um velho amigo que nunca foi embora de verdade.
O passado, como um fantasma gentil, nos visita para nos lembrar de quem fomos, e do onde vivemos.
Às vezes, traz consigo dores que julgávamos enterradas, sussurrando ao ouvido que certos cortes nunca fecham por completo.
Mas a vida, essa grande senhora de ciclos, ensina que nem toda dor dura para sempre.
Ela sabe que a chuva, mesmo quando cai pesada, lavando as ruas e afogando os olhos, cedo ou tarde se cansa. E passa.
O céu, outrora fechado e carregado de trovões, se abre devagar, como um coração aprendendo a perdoar.
O vento leva embora o peso das nuvens, e o sol se atreve a nascer de novo.
As dores da vida também seguem essa lógica: doem como tempestades, arrastam tudo em seu caminho, fazem parecer que o mundo inteiro é feito de lama e frio. Mas um dia, sem que se perceba exatamente quando, aquela ferida que ardia já não dói tanto.
O passado pode até voltar, mas nunca com a mesma força. E a chuva sempre passa, deixando no ar o cheiro fresco de um novo começo.
A vida, em sua infinita sabedoria, nos ensina que a dor é parte da jornada, mas que a alegria sempre encontra um caminho para nos alcançar.
Assim como a chuva que cessa, a dor se dissipa, revelando a beleza que sempre esteve presente, mesmo nos dias mais sombrios.
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