A minha
essência faz silêncio dentro de mim.
Não me
mostro a quem não entra em mim para me conhecer.
Não me
revelo a quem não pode me ver.
Minha
vida inteira, vivo-a num único dia.
Meus
sonhos, desesperos, paixões, choros e risos, angústias e alegrias
são só meus, compartilho-as com o outro eu que existe em mim.
Sempre
fui a outra metade de mim, o dilúvio que inundou meu deserto, o
silêncio que gritou na noite escura, o campo de batalha que morava
em meu peito, fui o soldado lutando suas próprias guerras.
Sou
pedaços de mim, que juntou as partes imperfeitas para construir o
todo sem jeito.
Sou
essencialmente humana.
Tenho
enchido o meu espírito de coisas que em outro tempo eu deixei de
acreditar.
Caminhei
muito para entender que o que busquei nunca saiu do lugar.
Deixei
arranharem o exterior mas nunca puderam tocar o que está por
dentro.
Reciclei
os meus textos, mudei as palavras, reinventei meu contexto.
Dei fim
aos pretextos, inventei um prefácio, um refrão.
Mudei a
poesia, a rima, a estrofe.
As notas
rasurei.
Para dar
sentido a tudo que não era sentido.
Refiz
meus escritos, apontei o lápis e cessei as palavras.
Escrevi
tudo o que não foi dito, reescrevi minha vida e reeditei minha
história.
Mergulhei
onde só eu poderia me encontrar.
Mares
turvos, que no mais profundo escondia límpidas águas.
Submergi
em mim mesma e emergi da superfície que em mim restava.
E o que
hoje flui reflete a busca, descortina o encontro e dá sentido ao
caminhar.
Minha águas são
claras, como claro é o que há mim.
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